
A descoberta de coesita (um polimorfo do quartzo de alta pressão) a cerca de 30 anos, por Chopin (1984) e posteriormente, micro diamantes metamóficos (Sobolev & Shatsky, 1990) em rochas crustais, sugerem que durante a formação de orógenos colisionais, porções da litosfera continental puderam ser subductadas à profundidade mantélicas, experimentando assim, condições extremas de pressão e temperatura. Essas descobertas levaram a compreensão de um novo campo da petrologia metamórfica: o metamorfismo de ultra-alta pressão (UAP) – ou UHP do inglês: “ultrahigh-pressure metamorphism”.
Através de métodos indiretos, como a sísmica, por exemplo, sabemos hoje que a espessura média da crosta continental é geralmente em torno de 40 km (Christensen & Mooney, 1995), correspondendo a condições de pressão litostática de aproximadamente 1 GPa (10 Kbar) na interface crosta-manto. Em zonas de grandes colisões continentais (e.g. Himalaias e Alpes), a espessura crustal pode ser dobrada (Christensen & Mooney, 1995), e a pressão litostática vigente pode chegar à ordem de 2 GPa. Por muitos anos essas eram as condições que definiam o limite superior de pressão que uma rocha da crosta continental poderia ser submetida, que corresponde à facies eclogito.
Tradicionalmente, o domínio das rochas metamórficas é dividido em fácies, cada qual representada por um conjunto de assembleias de minerais frequentemente associadas no espaço e no tempo que refletem o equilíbrio dentro de uma gama de condições P-T (Eskola, 1920). Com a descoberta do metamorfismo de UHP, tornou-se necessário adicionar novos campos de estabilidade, com as novas condições de pressão e temperatura. A transição de fase do quartzo para coesita tem sido usada como o principal indicador para diferenciar entre a fácies eclogito, na região de alta pressão (AP/HP – high-pressure), com quartzo estável e, ultra-alta pressão UHP (Hermman & Rubatto, 2014), com a coesita estável (Figura 1). As condições metamórficas de pressão e temperatura do metamorfismo de UHP se enquadram no intervalo que varia entre 600 à >900°C e 2.6 à >10.0 GPa (Brown, 2007).